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Descida de juros do BCE: Qual será o verdadeiro impacto?

Desde o segundo semestre de 2022, os juros têm aumentado. Para 2024, existe a expectativa para que possam ser reduzidos.

Os juros, sendo uma remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro, é expresso como um percentual sobre o valor emprestado (taxa de juro).

Desde 2022, o Banco Central Europeu (BCE) aumentou o preço do dinheiro em 4,5 pontos percentuais. Em causa está a relação que influencia as poupanças dos cidadãos face a cada aumento ou diminuição de juros.

Os pilares financeiros do BCE passam por poupanças, despesas e investimentos que, consoante as decisões tomadas, podem ou não sofrer impacto.

É importante perceber qual o verdadeiro impacto que estas decisões podem ter na sua carteira, uma vez que já se fala sobre eventuais descidas de juros por parte do BCE.

O que vai fazer o BCE?

Não se espera que os níveis baixem como na década de 2012-2022, mas a negociação de contratos futuros no mercado de capitais aponta para que as taxas Euribor recuem para valores perto dos 3% até ao verão, terminando 2024 nos 2,5%.

Atualmente, as taxas estão próximas dos 3,9% (entre 3 e 6 meses) e dos 3,6% (Euribor a 12 meses).

De acordo com um inquérito da Bloomberg a economistas (citado pelo Eco), os especialistas acreditam que o BCE vai começar a descer os juros em junho e que poderá fazer quatro cortes este ano, colocando a taxa de juro de referência próxima dos 3%.

Com isto, as famílias terão prestações mais baixas, sentindo algum alívio nas suas despesas com o crédito.

Consequências

Há também impactos negativos, no que diz respeito às poupanças, tais como:

Crédito mais barato

No caso do crédito, existirá uma descida de juros faz com que os encargos com o crédito diminuam. Aumentando a facilidade de acesso ao crédito, por parte das famílias.

No que respeita às taxas de juro, cerca de 80% dos empréstimos para a compra de casa serão concedidos com uma taxa variável, fazendo com que a prestação destes empréstimos diminua.

Atualmente, como exemplo, há bancos a oferecerem taxas fixas a dois anos abaixo dos 3%, um valor que reflete esta perspetiva de que as taxas de juro vão descer.

Mais concessão de crédito

Surgem novas possibilidades de se contrair crédito, pois, com as taxas de juro mais baixas, a capacidade de endividamento das famílias aumenta.

De acordo com os dados do Banco de Portugal, em dezembro 32,7% do valor concedido de crédito habitação foi com renegociação de condições. Em setembro, 46,4% dos empréstimos tiveram renegociação. Em dezembro de 2022, apenas 22% dos empréstimos concedidos estavam nestas condições.

Com taxas de juro mais baixas, é expectável que a procura por novo crédito aumente e que a necessidade de renegociação das condições financeiras diminua.

Depósitos podem perder atratividade

Nos últimos anos, as taxas médias dos depósitos a prazo estiveram muito próximas de zero, porque a taxa de referência do BCE estava em valores negativos. Ou seja, para depositarem dinheiro no BCE, tinham de pagar juros (no rescaldo da crise financeira, o BCE implementou esta medida para incentivar os bancos a circularem o dinheiro parado no BCE). 

No fim de 2022 houve um aumento na taxa de juro dos depósitos, precisamente a refletir as subidas de juros do BCE. Os últimos dados, de dezembro de 2023, mostram que a taxa de juro praticada nos novos depósitos até um ano atingiu os 3%. Em setembro de 2022 estava nos 0,07%.

Assim, o retorno dos depósitos pode diminuir, refletindo a descida das taxas de juro por parte do BCE.

Certificados de Aforro mantêm teto máximo nos próximos meses

Nos Certificados de Aforro, se sempre se confirmar a descida de juros por parte do BCE, os aforradores não devem sentir descidas este ano. Contudo, se as taxas de juro descerem para valores inferiores a 2,5%, estes produtos vão pagar menos juros.

No ano passado, recorde-se que devido à subida das taxas de juro, o Governo decidiu suspender a subscrição de Certificados de Aforro da série E e lançou uma nova série, a F. A taxa máxima passou a ser de 2,5% (na série anterior podia ir até aos 3,5%).

Se o BCE descer a taxa de juro para valores que rondem os 3%, quem tem estes Certificados de Aforro vai continuar a beneficiar do retorno máximo possível.

Imobiliário beneficia de juros baixos

O ramo imobiliário é um setor que beneficia da descida de juros por dois motivos. Por um lado, com a queda das taxas de juro, a aquisição de casa tende a aumentar e, por outro lado, o investimento neste tipo de ativos tende a crescer.

Como exemplo, nos primeiros nove meses de 2023 venderam-se 102.373 imóveis, menos 20,9% do que no ano anterior, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). O ano de 2022 foi marcado precisamente por uma subida acentuada das taxas de juro.

A descida das taxas de juro tende a aumentar a procura por compra de casa. Com os orçamentos das famílias a conseguirem comportar o pagamento da prestação de um crédito habitação.

Até porque quando se pede um financiamento, o peso da prestação de um empréstimo habitação não deve superar os 30% da taxa de esforço de uma família no momento inicial. Além disso, os bancos têm de realizar um “teste de stress” para garantir que se a taxa de juro aumentar 1,5% a taxa de esforço dos clientes não ultrapassa 50% dos seus rendimentos.

O facto de os juros estarem mais baixos acaba por permitir que mais famílias tenham acesso a financiamento.

Investimentos bolsistas beneficiam

A descida de juros tende a ser benéfica para os investidores no mercado de capitais, nomeadamente para os investidores em ações.

Já para quem investe em obrigações, o preço destes ativos tende a ter o comportamento oposto, uma vez que há uma redução do risco de incumprimento. Com menor pressão sobre as empresas e/ou Estados, o preço das obrigações tende a diminuir.

De realçar que o impacto de uma subida ou descida no mercado bolsista não é direto, sendo que os ativos reagem a outras premissas, nomeadamente relacionadas com o setor em que operam ou sobre a sua própria realidade.

2024 chega, assim, com sinais de alívio para as famílias, depois de mais de um ano a sentirem aumentos acentuados das prestações de créditos e da inflação, o que reduziu de forma significativa o poder de compra das famílias.

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