Num contexto empresarial cada vez mais orientado para resultados, é comum valorizar o trabalho em equipa como um pilar fundamental da eficácia organizacional. Contudo, existe uma distinção substancial — e frequentemente negligenciada — entre trabalhar em equipa e pertencer a uma equipa.
Trabalhar em equipa pressupõe a colaboração funcional entre indivíduos em torno de objectivos comuns. Requer comunicação, alinhamento, partilha de responsabilidades e cumprimento de metas. É um processo técnico e operacional, essencial à produtividade e à concretização de resultados.
Mas pertencer a uma equipa transcende a lógica funcional. É sentir que se ocupa um lugar significativo, onde a contribuição individual não é apenas reconhecida, mas valorizada de forma genuína. É saber que se é parte integrante de um colectivo que se constrói sobre relações de confiança, respeito mútuo e compromisso emocional.
Numa equipa onde se trabalha, há eficiência.
Numa equipa onde se pertence, há coesão.
Há espaço para a escuta ativa, para a expressão autêntica, e porque não, para a vulnerabilidade partilhada — fatores muitas vezes intangíveis, mas decisivos para a sustentabilidade do desempenho a longo prazo.
Pertencer implica segurança psicológica.
Implica saber que é possível falhar sem medo do julgamento, propor ideias sem receio do ridículo, pedir ajuda sem que isso comprometa a credibilidade.
Implica, sobretudo, um sentimento de interdependência saudável, em que cada elemento se sente responsável não apenas pelo seu papel, mas pelo bem-estar e sucesso do grupo.
As equipas de alto rendimento distinguem-se não apenas pelo que fazem, mas pelo que são juntas.
São aquelas em que o talento individual floresce porque encontra um ecossistema propício ao crescimento humano e profissional.
Aquelas em que os objetivos são partilhados, mas também os valores, a visão e a vontade de construir algo maior do que a soma das partes.
Num mercado competitivo, cultivar equipas onde se pertence — e não apenas onde se trabalha — pode ser o verdadeiro diferencial.
Porque quando as pessoas se sentem parte, dão mais de si.
Não por obrigação, mas por envolvimento.
E esse é, talvez, o maior ativo de qualquer organização: o compromisso autêntico de quem escolhe estar, e não apenas permanecer.
Filipa Augusto
Intermediária de Crédito